segunda-feira, 7 de setembro de 2015

REINTEGRAÇÃO DE FERNANDO DE NORONHA AO ESTADO DE PERNAMBUCO


 “Pela nova Constituição Brasileira, no art. Nº 15, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, extingue-se o Território Federal de Fernando de Noronha e o arquipélago é reintegrado ao Estado de Pernambuco,” em 05 de setembro de 1988.

Antecedentes:

Em 1700, El-Rei Dom Pedro II, de Portugal, por Carta-Régia, havia determinado que a ilha de Fernando de Noronha ficasse pertencendo à Capitania de Pernambuco, única das capitanias que tinha dado certo no Nordeste do Brasil e, por isso, poderia ocupá-la e desenvolvê-la, livrando-a de ser a rota perigosa de aventureiros que quisessem capturá-la, como já haviam feito os holandeses, na 1ª metade do século XVII. Apesar dessa providência oficial, nenhuma medida foi tomada para cumprir-se tão importante autorização.

Por trinta anos, naquele século, Fernando de Noronha permaneceu abandonada, mesmo que, oficialmente, pertencesse a Pernambuco desde 1700. Esse abandono continuou a despertar a cobiça dos muitos povos que navegavam pelo Atlântico, atraídos pela localização privilegiada da ilha, nas rotas de navegação então bastante frequentadas.

Os franceses, que recolhiam informações desde 1734, chegando a publicar uma Carta Náutica da Academia Royal de Ciências de Paris – o Plano da Ilha de Fernando de Noronha – comprovando a pirataria existente, movimentaram-se para aproximarem-se do arquipélago, iniciando uma ocupação discreta e pequena, que se consolidaria em definitivo em 1736, pela Companhia das Índias Orientais. Coube a Pernambuco retomar, definitivamente, a ilha, em 1737, expulsando os invasores. E só então deu-se a posse definitiva da ilha por Portugal, através dessa próspera Capitania.

Aí começa a história da presença humana insular, com a construção dos dois núcleos urbanos - a Vila dos Remédios e a Vila da Quixaba - - e do Sistema fortificado do Brasil, com dez fortificações – sistema esse considerado “o maior sistema defensivo do século XVIII”. A mão-de-obra que atuou nessa gigantesca empreitada foi carcerária, com a instalação da Colônia Correcional de Presos Comuns (de (ladrões, assassinos, moedeiros falsos...), gente condenada a longas penas, que era “exilada” do continente, mas constituía "excelente turba de trabalhadores para todos os trabalhos” E a esporádica presença de presos políticos, condenados nos grandes conflitos nacionais, como os ciganos (em 1739); a Revolução Republicana em Pernambuco (de 1817); a Confederação do Equador (de 1824); a Setembrizada (de 1831); a Revolução Farroupilha (de 1844); a Revolução Praieira (de 1849); e, proclamada a República, em 1889, um ano depois eram banidos para a ilha todos os capoeiristas do Brasil, sendo o 1º Ato da República recém proclamada.  

Essa é a razão histórica da devolução do arquipélago a Pernambuco, que comemoramos nesta semana, que se consolidou com o projeto de autoria do Deputado Estadual José de Moura, do PFL, apoiado pelo também Deputado Estadual Nilson Gibson, do PMDB, de reintegração do espaço fernandino a Pernambuco, que acabou vitoriosa, como uma solução decorrente da extinção dos Territórios Federais no Brasil.

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