domingo, 30 de agosto de 2015

FERNANDO DE NORONHA: BASE AVANÇADA DA II GUERRA MUNDIAL.



A II Guerra Mundial terminou em 1945. O Brasil fora chamado a participar, enviando tropas para as frentes de batalha contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Pelo mundo, os conflitos no mar eram constantes. Agravava-se a situação nacional. Embora tentando manter a neutralidade, tudo fazia crer que o país seria arrastado para a luta. O torpedeamento de navios mercantes brasileiros levou o Governo Federal a decidir ocupar militarmente o arquipélago, por ser um ponto estratégico de real valor e uma área geograficamente avançada do País. Mesmo com o governo Vargas mantendo-se fora do conflito, a ocupação do arquipélago era considerada importante para observar e acompanhar o movimento no Atlântico Sul.

O comandante da 7ª Região Militar, Gal. Mascarenhas de Morais, tinha sido incumbido de receber o acervo da ilha e tomar medidas para a sua ocupação. Havia sido criado o Território Federal, em fevereiro de 1942. Mas, um pouco antes, em 13 de janeiro daquele ano, também tinha sido criado também o Destacamento Misto de Fernando de Noronha, na jurisdição da 7ª Região Militar, sendo nomeado, como seu comandante, o General Gil de Alencar Castelo Branco, que chegou ao arquipélago em maio de 1942 e, trazidos os grupos que integrariam o efetivo, surgiu a frente de ofensiva militar da II Guerra Mundial em Fernando de Noronha.  

O trabalho “Organização da Defesa do Território, Estudo e Proposta”, propunha combater o inimigo, quando houvesse torpedeamento dos navios mercantes brasileiros e, considerando a região litorânea do Brasil como a mais vulnerável, foi definida a defesa do triângulo Natal / Fernando de Noronha / Recife” para essa ofensiva, localizando nesses locais a proteção no Atlântico Sul.

Montadas as forças terrestres (de Infantaria, artilharia de apoio, artilharia de costa e defesa antiaérea) e as forças aéreas (de defesa antiaérea - um contra voo alto, outro contra voo baixo – a  esquadrilha de anfíbios e esquadrilha de bombardeiros médios), Fernando de Noronha se transformou numa Base de Guerra, com a implantação do Destacamento Misto”, a partir de 1942, ali sediado por dois anos e oito meses.
 
Cerca de 3000 expedicionários participaram dessa ação de guerra, isolados no Atlântico... Comunicações limitadas, racionamento da comida, falta d’água, doenças, censura prévia em tudo como medida de segurança e o compromisso de “reserva” em toda e qualquer documentação produzida. Essa foi a realidade do Destacamento. Para o lazer desse grupamento foi permitido o cinema ao ar livre, adaptando-se o antigo chafariz, do centro da praça diante da igreja, para ser a cabine de projeção, com a soldadesca e os poucos moradores-civis da ilha sentados no chão...

O Destacamento Misto foi extinto em 29 de agosto de 1945, uma vez que – cessada a guerra – já não havia razão para sua permanência. Pela ilha, oito peças militares do “tempo da guerra” é o que resta, sem ter tido jamais a valorização e recuperação merecida. 
 
Agora, 70 anos mais tarde, o Brasil precisa saber dessa epopéia vivida tão distante do continente, de homens segregados num arquipélago brasileiro, treinando para uma luta na qual nunca entraram efetivamente, mas que deixou marcas definitivas em todos!

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