quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O MAR QUE ACOLHE OU REPELE...


Fernando de Noronha é, sem dúvida, o sonho da maioria dos brasileiros. Para realizá-lo, muitos enfrentam dificuldades, custos altos, receio de viagens que lhes parecem arriscadas e partem, cheios de expectativas, rumo ao desconhecido, à beleza, ao paraíso!

Por razões que não podemos explicar, às vezes esses sonhos são frustrados. Uma chuva que chegou inesperadamente, num lugar onde o sol sempre predomina; um mar calmo que se agita de repente e impede a saída e/ou a chegada de embarcações ao porto; ou outra qualquer inesperada ocorrência que exija a modificação ou adequação de planos estabelecidos.

Isso aconteceu recentemente, em uma das viagens do navio Orient Queen, cumprindo o cruzeiro marítimo da CVC que inclui o Arquipélago no seu roteiro: um swel inesperado impediu que centenas de passageiros abordassem a ilha, pelas difíceis condições do mar e pelos danos ocorridos no píer do Porto de Santo Antônio, face à fúria das ondas.

Claro, as “condições do mar” são previstas no contrato de viagem, como um elemento que pode impedir o desembarque, sim. Ninguém desconhece isso... Mas a dor de ver o seu sonho ir por “água abaixo” é grande e, para muitos, impossível de ser superada. Em cada rosto escondia-se a decepção, a constatação que chegara tão perto do seu objeto de cobiça e o perdia, porque o soberano mar assim o resolveu.

Certamente, para muitos, a oportunidade pode vir a ser repetida... Mas os planos frustrados pesam muito no contexto e provocam lágrimas, revoltas, até mesmo gestos e palavras impensadas, como o desabafo dos que não conseguiram viver aquilo que sonharam!

O swel não é freqüente em Fernando de Noronha. Ele ocorre de tempos em tempos e costuma ser mais comum nos meses de janeiro e fevereiro. Chega e se vai com a mesma pressa, sem que se possa definir quanto tempo levará ativo, complicando as atividades de mar, tão constantes na ilha e tão esperadas pelo turista que vem de navio.

Curioso é constatar que a mesma agitação do mar, crescido em ondas de grande altura, é a delícia dos surfistas, que esperam esses momentos em busca de um esporte radical e emocionante.

Ó mar salgado”, como diria o poeta Fernando Pessoa, por respeitar teus limites só nos podemos aventurar quando estamos em segurança, porque a vida assim o exige. E é assim que terão de ser mantidas as cautelas no chegar-se à ilha, quando o mar que a rodeia estiver furioso e soberano...

Vale temer o risco e minimizá-lo, tanto quanto possível!

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