Se alguém, chegando a Fernando de
Noronha, quisesse saber “quem era Maria do Carmo Barbosa Dias”
talvez não conseguisse resposta. O nome aparecia na Catálogo Telefônico e nos
registros oficiais do arquipélago... Mas o reconhecimento popular, não. Para
todos, a pessoa procurada teria que ser buscada pelo apelido tão característico
que a identificava: PITUCA.
Figura emblemática da ilha, aquela
“baixinha redondinha”, andava por todos os lugares com seus vestidos
coloridos, seu jeito curioso de olhar a vida e enfrentar as adversidades que
viessem. Costureira, bordadeira, excelente cozinheira e até mesmo rezadeira, Dona
Pituca viveu aí momentos significativos.
Seu zelo pela Igreja de N. Srª dos
Remédios a fizera uma espécie de guardiã do templo, local onde passava a maior
parte do seu dia e junto do qual morava, na antiga “Casa Paroquial”, por ela
transformada - por uns tempos - em pousada simples, quase pioneira na acolhida
de um Turismo que chegava e que hoje é uma saída econômica tão necessária.
Alguns momentos em sua vida foram especiais... Em 1964 ela foi requisitada para
atender - como cozinheira - alguns dos presos políticos daquele difícil
momento do Brasil, inclusive os ex-governadores Miguel Arraes (de Pernabuco) e Seixas Dória (de Sergipe).. Todos os anos, na festa em louvor
a São Pedro, o padroeiro dos pescadores, era ela que comandava - na praia - a
preparação da tradicional peixada, distribuída ao final da “Barqueata”, num
congraçamento alegre e deliciosamente experimentado...
Dona Pituca se foi,
nesse final de outubro. Fernando de Noronha pranteou sua ilustre moradora,
rezou por ela, acompanhou-a ao singelo Cemitério dedicado à Virgem da
Conceição, guardando no coração a forte lembrança dessa figura autêntica,
guerreira, que conquistou o seu lugar na ilha onde viveu, como uma
folclórica e querida figura, sem dúvida, inesquecível!
Que ela descanse em paz.
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