segunda-feira, 5 de novembro de 2012

DONA PITUCA VAI DEIXAR SAUDADES...


 
Se alguém, chegando a Fernando de Noronha, quisesse saber “quem era Maria do Carmo Barbosa Dias” talvez não conseguisse resposta. O nome aparecia na Catálogo Telefônico e nos registros oficiais do arquipélago... Mas o reconhecimento popular, não. Para todos, a pessoa procurada teria que ser buscada pelo apelido tão característico que a identificava: PITUCA.  

Figura emblemática da ilha, aquela “baixinha redondinha”, andava por todos os lugares com seus vestidos coloridos, seu jeito curioso de olhar a vida e enfrentar as adversidades que viessem. Costureira, bordadeira, excelente cozinheira e até mesmo rezadeira, Dona Pituca viveu aí momentos significativos. 

Seu zelo pela Igreja de N. Srª dos Remédios a fizera uma espécie de guardiã do templo, local onde passava a maior parte do seu dia e junto do qual morava, na antiga “Casa Paroquial”, por ela transformada - por uns tempos - em pousada simples, quase pioneira na acolhida de um Turismo que chegava e que hoje é uma saída econômica tão necessária.
 
Alguns momentos em sua vida foram especiais... Em 1964 ela foi requisitada para atender - como cozinheira - alguns dos presos políticos daquele difícil momento do Brasil, inclusive os ex-governadores Miguel Arraes (de Pernabuco) e Seixas Dória (de Sergipe).. Todos os anos, na festa em louvor a São Pedro, o padroeiro dos pescadores, era ela que comandava - na praia - a preparação da tradicional peixada, distribuída ao final da “Barqueata”, num congraçamento alegre e deliciosamente experimentado...

Dona Pituca se foi, nesse final de outubro. Fernando de Noronha pranteou sua ilustre moradora, rezou por ela, acompanhou-a ao singelo Cemitério dedicado à Virgem da Conceição, guardando no coração a forte lembrança dessa figura autêntica, guerreira, que conquistou o seu lugar na ilha onde viveu, como uma folclórica e querida figura, sem dúvida, inesquecível!

Que ela descanse em paz.

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