sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

AÍ VEM O CARNAVAL...


Pelas ruas do Recife e de Olinda uma espécie de frenesi para atacar a todos... Correria para comprar adereços, para reativar o acervo de CDs carnavalescos, para definir em qual das programações temáticas cada um estará engajado... Decisões. Definições. Inquietações. Expectativas. Soluções. Até mesmo a “fuga“ para lugares onde o Carnaval não esteja, como alternativa para quem quer o recolhimento e a introspecção...

Esse é o tempo que antecede o Carnaval. Ninguém fica alheio à sua chegada, mesmo que tenha de definir se vai se envolver ou escapar de tudo. Esse é o tempo também de preparar-se para o “Ciclo” religioso seguinte – a Quaresma – mergulhando nas reflexões que caracterizam o período e que preparam a alvorada da ressurreição: a Páscoa.

Pelo Brasil afora o Carnaval é, quase sempre, limitado a desfiles de Escolas de Samba que, nem de longe lembram os monumentais desfiles do Rio de Janeiro e, em dose menor, de São Paulo. Também acontecem apresentações de trios elétricos de inspiração baiana, dando ao país um caleidoscópio limitado de uma folia repetitiva, com adesões de jovens, sobretudo.

Em Pernambuco, não. Aqui as diferenças são muitas, mesmo que - aqui e ali – algumas semelhanças apareçam nos palcos dos “Pólos” distribuídos como centros de folia e pelas periferias. Mas a riqueza e a diversidade do Carnaval pernambucano é imensa e tem raízes longínquas, oriundas da mistura de raças identificadas à luz da História, e no abnegado compromisso de tantos carnavalescos que, pela vida afora, deram-se ao prazer de perpetuar o Carnaval autêntico, pela mistura de sons e de músicas, pelas indumentárias que guardam tradições, pelos cortejos que são formados à luz de um passado completamente presente nos dias de hoje.

É o Carnaval dos Maracatus – de baque solto ou baque virado – enchendo as ruas com seus instrumentos na maioria de percussão, cobrindo-se de cor e de brilho nas suas roupas, respeitando sempre a magia da suas origens...

É o Carnaval dos Blocos Líricos, enfeitados e acompanhados por instrumentos de pau e corda, entoando lindas melodias dos “Frevos-de-Bloco”, evoluindo lentamente pelas ruas estreitas de Olinda ou em direção ao Recife antigo...

É o Carnaval das Troças organizadas ou irreverentemente em liberdade, fazendo ecoar o seu “grito de guerra” em forma de canção, como a marcante e inesquecível música da “Ceroula” em Olinda...      

É o Carnaval dos Clubes tradicionais pelas ruas, cultuadores e guardiões do Frevo, genuíno ritmo de Pernambuco, patrimônio imaterial, que agora também mereceu ser reverenciado, de forma museal, no “Paço do Frevo” e que explode pelas ruas com suas orquestras de metais e percussão, seus passistas extraordinários...
 
É o Carnaval das Tribos de Caboclinhos, herança indígena perpetuada somente por essas bandas, fazendo seu acrobático bailado e suas vestes com penas tão significativas...

É o Carnaval das La Ursas, dos Mascarados, dos Papangus, dos grupos que se juntam em torno de uma ideia, uma afronta, uma profissão, uma reivindicação anárquica, ou mesmo sem razão nenhuma para a folia mas, tão somente, o desejo de estar junto e comemorar a vida, a alegria, a vontade de ser feliz... É o Carnaval do inesquecível Galo da Madrugada, que reina - soberano e absoluto - no sábado da folia...

Bem-vindo, Carnaval, mais uma vez!!!        

Nenhum comentário: